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O que São João Paulo II pensaria da atual Jornada Mundial da Juventude? - Altair Fonseca
São João Paulo II e a Jornada Mundial da Juventude
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O que São João Paulo II pensaria da atual Jornada Mundial da Juventude?

O que São João Paulo II pensaria da atual Jornada Mundial da Juventude? Diante das infelizes declarações do bispo português que lidera a Jornada, vale a pena nos perguntarmos o que o instrumento escolhido por Deus para criar a JMJ pensaria ao ver o Evangelho sendo deixado em segundo plano.

Veja também: As orações de uma mãe e a bela história de conversão de dois irmãos.

Algumas declarações controversas do bispo português responsável pela JMJ

“Nós não queremos converter o jovem a Cristo nem à Igreja Católica nem nada disso, absolutamente”, disse dom Américo Aguiar, atual bispo-auxiliar de Lisboa, Portugal, e escolhido pelo Papa Francisco para ser um dos próximos cardeais. Ele também é o responsável pela Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023. Suas falas ocorreram em entrevista à TV portuguesa RTP, no dia 6 de julho.

Na entrevista, o futuro cardeal disse também: “Nós queremos é que seja normal que o jovem cristão católico diga e testemunhe que o é; que o jovem muçulmano, judeu ou de outra religião também não tenha problemas em dizer que o é e o testemunhe; aquele jovem que não confessa religião nenhuma se sinta à vontade e não se sinta estranho porque é assim ou é de outra maneira, e que todos entendamos que a diferença é uma riqueza. E o mundo será objetivamente melhor se nós formos capazes de colocar no coração de todos os jovens esta certeza da Frateli tutti, de todos irmãos, que o papa tem feito um enorme esforço para colocar no coração de todos”.

Vamos conversar sobre essas palavras polêmicas?

A seguir, partilho com você uma live do quadro Conversa Católica, no qual falei sobre as polêmicas envolvendo o que alguns organizadores da JMJ pregam. Assista, inscreva-se no canal, deixe sua opinião, e continue lendo o conteúdo após o vídeo.

O que São João Paulo II pensaria da atual JMJ? – Conversa Católica

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Porque algumas palavras de dom Américo não foram bem recebidas?

A declaração do bispo português não caiu muito bem em diversos meios católicos, gerando respostas e pedidos de oração do mundo inteiro. Um dos que rebateram as falas de dom Américo foi o bispo de Orihuela-Alicante, Espanha, dom José Ignacio Munilla.

Dom Munilla disse que, “obviamente, o que elas [as declarações] sublinhavam” era o desejo de que a JMJ fosse uma ocasião de encontro entre jovens católicos, cristãos de outras confissões, de outros credos e até ateus. Entretanto, o bispo ressaltou que a declaração “produziu uma grande surpresa” e lembrou que dom Aguiar a esclareceu à ACI Digital, afirmando que a JMJ “nunca foi, não é, nem deverá ser um evento para proselitismos” e que sua intenção era sublinhar que “a Igreja não impõe, propõe”.

O bispo espanhol considerou que a frase original foi “muito inadequada, além de contrária ao Evangelho”, pois o apelo à conversão e a crer no Evangelho “se identifica com o ministério público de Jesus”.

Jesus disse, em Mc 16, 15-16: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado”.

Uma das coisas que Jesus pediu aos apóstolos foi uma pregação corajosa do Evangelho. Ora, nós católicos cremos que os bispos são sucessores dos apóstolos, sendo o Papa, o sucessor de Pedro.

Anunciai o Evangelho
Anunciai o Evangelho

Dom Munilla lembrou que o frequente convite do papa Francisco a dizer “não ao proselitismo” foi feito pela primeira vez em referência a algumas palavras específicas de Bento XVI, que: “A Igreja cresce pelo testemunho, não pelo proselitismo”. Dessa forma, quer-se dizer que ninguém deve impor à força a sua fé aos outros de maneira agressiva e ostensiva.

Entretanto, o bispo destacou que “não é o mesmo dizer ‘não’ ao proselitismo e dizer ‘não’ ao chamado à conversão”. Dessa forma, precisamos entender que o apelo à conversão nunca deve ser esquecido, mas que deve ser feito, em primeiro lugar, com um testemunho de vida coerente e um anúncio caridoso do Evangelho.

Dom Munilla também afirmou que “é muito importante superar essa visão igualitária. Não, todas as religiões não são iguais. Jesus Cristo é o revelador do Pai. E a pluralidade estará bem na medida em que for o ponto de partida para nos conduzir à plena unidade em Deus”. E acrescentou: “Jesus Cristo não foi um moderador de pluralismos, mas um mestre da verdade”.

Uma verdade que todos deveriam conhecer

Uma nota doutrinal da Congregação para a Doutrina da Fé, intitulada Sobre alguns aspectos da Evangelização, de 2007, rejeita que se coloque em dúvida “a legitimidade de propor aos outros o que consideramos ser uma verdade revelada por Jesus Cristo e que eles deveriam conhecer“.

Quem teve um verdadeiro encontro pessoal com Cristo (e todo o clero deveria ter tido), deseja ardentemente que todos conheçam o nosso Salvador, e Ele mesmo nos pede para sermos todos anunciadores do Evangelho. Uma Igreja que não anuncia Cristo e seus ensinamentos para se conformar a uma nova religião mundial, onde todos os caminhos levam ao Céu, está renunciando ao seu chamado.

Uma verdade que todos deveriam conhecer
Uma verdade que todos deveriam conhecer

Por experiência própria, sei que em diversos encontros e retiros para jovens, muitos não vão com intenção de encontrar-se com Cristo e transmiti-lo aos irmãos. O interesse de alguns em certa idade é namorar e confraternizar apenas, mas através de uma boa pregação e fortes testemunhos, muitos podem ser tocados, mesmo com uma intenção inicial torta.

Mas o que dizer de um encontro mundial de jovens no qual a Igreja Católica não tem como prioridade anunciar Cristo? Seria uma grande confraternização para conhecer gente nova, namorar, dançar e outras coisas mais? Que posição ocupa o anúncio do Evangelho?

Como medir o sucesso de uma JMJ?

Dom Munilla disse que “o chamado à conversão é próprio do Evangelho” e quem recebe este anúncio e o aceita “torna-se um alto-falante”. Dessa forma, conclui: “uma Jornada Mundial da Juventude é avaliada principalmente por dois parâmetros: o número de conversões e as vocações que surgem”.

O que São João Paulo II pensaria da atual Jornada Mundial da Juventude?

No dia 22 de abril de 1984, o Papa João II pronunciou impactantes palavras diante da Basílica de São Pedro, depois de ter fechado a Porta Santa pelo Jubileu da Redenção. A grande cruz de madeira, de 3,8 metros de altura, colocada perto do altar principal, está à sua esquerda e depois de ter sido um farol de fé durante um ano inteiro, é entregue nas mãos dos peregrinos do mundo: ela se tornará a “Cruz da JMJ”. O santo disse:

“Queridos jovens, ao final do Ano Santo confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Levem-na ao mundo, como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade e anunciem a todos, que somente em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção”.

São João Paulo II para os jovens
São João Paulo II para os jovens

Em dezembro do mesmo ano, durante as felicitações de Natal à Cúria Romana, o Papa afirma: “Ainda tenho em meus olhos as imagens do encontro daquela assembleia de jovens de todas as raças e proveniências”. Ele reitera que não se trata de uma “massa anônima” ou de “número, mas presença viva e pessoal” que “tomou parte com uma alegria esmagadora e composta, em um ato comunitário de amor e fé a Cristo, o Senhor”. E institui a Jornada Mundial da Juventude: “O Senhor abençoou aquele encontro de maneira extraordinária, tanto que, para os próximos anos, foi instituída a Jornada Mundial da Juventude, a ser celebrada no Domingo de Ramos, com a valorosa colaboração da Conselho para os leigos”.

Nasciam assim as Jornadas Mundiais da Juventude, celebradas todos os anos em nível diocesano e com um intervalo periódico de 2 ou 3 anos, em diferentes partes do mundo, no contexto das Jornadas Mundiais de Jovens com o Papa. Inspiradas por Deus, ao se utilizar de um instrumento como São João Paulo II, as Jornadas surgiram para levar o Evangelho aos jovens e também enviar jovens em missão, como anunciadores da boa nova de Cristo.

Referências:

ACI Digital. Declaração de dom Américo Aguiar sobre JMJ é “contrária ao Evangelho”, diz bispo espanhol. Disponível em: <https://www.acidigital.com/noticias/declaracao-de-dom-americo-aguiar-sobre-jmj-e-contraria-ao-evangelho-diz-bispo-espanhol-43412>. Acesso em: 2 ago. 2023.

Nota doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização. Disponível em: <https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20071203_nota-evangelizzazione_po.html>. Acesso em: 2 ago. 2023.

O nascimento da JMJ: João Paulo II confia a Cruz aos jovens – Vatican News. Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-01/jmj-2019-surgimento-jornadas-joao-paulo-ii.html>.

Autor

○ Bacharel em Publicidade e Propaganda ○ Graduando em Filosofia ○ Partilho sobre Filosofia e Fé Católica ○ Link para acessar o Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0931986249871001

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