Penas temporais e penas eternas, você sabe a diferença?
Em suas Confissões, Santo Agostinho deslumbra-se com o conhecimento de algo que até então ignorava: “Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar!” (AGOSTINHO, 2009, p.160).
Platão (1978), em seu famoso mito da caverna, nos fala sobre homens presos na ignorância. Quando há um esforço, seja erguendo os olhos para luz, movendo o pescoço, levantando-se e caminhando, o indivíduo pode sair da escuridão do desconhecimento. É natural que seus olhos acostumados com as trevas sofram com um inicial ofuscamento provocado pela luz. O deslumbramento acontece ao contato com uma realidade que sempre esteve ali, mas não era conhecida.
Muita gente está no desconhecimento sobre verdades importantes da nossa fé. Por exemplo, você sabia que mesmo após a absolvição de um pecado, as consequências desse pecado podem ainda necessitar de reparação? É hora de entendermos a diferença entre penas temporais e penas eternas.
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que:
Pena eterna é a privação da comunhão com Deus, causada pelo pecado mortal, que é apagada com o perdão sacramental.
Pena temporal são as consequências do apego desordenado ao pecado que permanecem e precisam ser purificadas nesta vida ou no purgatório.
A reparação das penas temporais pode ser feita por meio de atos de penitência, como orações, obras de caridade, jejuns e a prática das indulgências. Isso reflete a necessidade de restaurar a harmonia com Deus, com os outros e com a criação. Assim, a absolvição nos reconcilia com Deus, mas a justiça divina pede que cooperemos na reparação das consequências do pecado.
A realidade das penas temporais nos lembra que Deus é infinitamente justo, mas também infinitamente misericordioso. Ele não apenas perdoa os nossos pecados quando nos arrependemos, mas nos oferece diversas oportunidades de reparação, mostrando o quanto Ele deseja a nossa conversão e santidade.
Deus, em Sua bondade, não nos abandona às consequências do pecado. Pelo contrário, Ele nos dá meios para reparar o mal que causamos e crescer no amor: penitências, indulgências, boas obras e, acima de tudo, o auxílio da graça santificante. Isso demonstra que Deus não nos trata como servos, mas como filhos amados, que Ele deseja ver livres das marcas do pecado.
Sua misericórdia é tão grande que, mesmo quando falhamos, Ele transforma as dificuldades e esforços da reparação em instrumentos de santificação. Essa chance de reparar é uma prova de Seu amor, um convite à participação em Sua obra redentora. Assim, ao enfrentarmos as penas temporais, confiemos na bondade de Deus, que sempre nos dá chances de recomeçar e crescer em comunhão com Ele.
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- Veja também: Você precisa confessar bem.
Referências:
AGOSTINHO. Confissões. 6ª. ed. São Paulo: Paulus, 2009.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Novíssima edição de acordo com o texto oficial em latim. 4. Ed. São Paulo: Loyola, 2017.
EQUIPE SANTA CRUZ. Exame de Consciência – Método para se Confessar Bem. 1ª Ed. São Caetano do Sul, SP: Santa Cruz – Editora e Livraria, 2022.
FONSECA, A. O. O que são penas temporais e penas eternas? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DDYwaBqz9fc. Acesso em: 29 de novembro de 2024.
PLATÃO. A República. São Paulo: Abril Cultural, 1978.